Os portugueses vão ser chamados a votar num tempo de falência sistemática dos partidos tradicionais.
Do PS ao PSD, do Bloco de Esquerda ao PCP, pouco serão os cidadãos que não ficaram desiludidos com os erros destes partidos no poder, os quais transformaram o dia-a-dia dos portugueses num inferno.
Todavia existem dois novos partidos que muito prometem: Chega e Iniciativa Liberal, ambos livres da governação carregada de erros, negociatas e políticas desastrosas.
Entre os sectores que afundaram, uns já no caos, outros a caminho da disrupção, vale a pena rever o que propõem os líderes em ascensão, André Ventura e Rui Rocha, por exemplo em relação à Justiça.
Curiosamente, nenhum deles avança com a autonomia financeira do poder judicial – capacidade de gerir os recursos de acordo com as necessidades e de uma forma independente.
Ninguém espera que os partidos fundadores da Democracia, viciados no paradigma que o voto tudo permite, estejam disponíveis para abdicar de tal escudo protector.
Nem mesmo depois das palavras de Henrique Araújo, presidente do Supremo Tribunal de Justiça: «A autonomia financeira do poder judicial é crucial para responder de uma forma óptima».
A falta de ambição dos novos “challangers” diz tudo sobre a credibilidade, a maturidade e a irreverência protagonizadas pela alternativa à actual alternância.
É o combate à corrupção, ao abuso de poder e demais negociatas, pois claro, mas sem ousar dar os meios necessários a quem tem o dever de aplicar a Lei e é titular do princípio da legalidade.
É poucochinho para quem apregoa tanta mudança.
Não há que perder totalmente a esperança, para já, pois ainda faltam três meses para ambos os partidos arrepiarem caminho, assumindo uma verdadeira alternativa a mais do mesmo.
Caso assim não aconteça, 2024 será o ano em que o Chega e A Iniciativa Liberal começarão a ser engolidos pelo sistema que nos tem condenado à miséria.