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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

ESTADO COBARDE


O exemplo de Luís Dias é um dos mais flagrantes exemplos de que não vivemos num Estado de Direito.

É apenas mais um entre tantos e tantos outros com que pactuamos, diariamente, com uma indiferença que, aparentemente, só choca quando nos toca directamente.

Apesar de toda a documentação irrefutável que o agricultor de Idanha-a-Nova publicou, o primeiro-ministro afirmou, na Assembleia da República: «O senhor não tem razão, não há nada a fazer, é muito simples».

António Costa só tem o topete político de fazer esta afirmação porque sabe que a Justiça nunca dará uma resposta antes de concluir o seu mandato.

Entretanto, o cidadão tem a vida arruinada e corre mesmo risco de vida por causa da greve de fome que estoicamente continua, numa lição de cidadania exemplar.

Não fora o alheamento dos cidadãos, e a denúncia pífia da generalidade da imprensa, o primeiro-ministro nunca teria o descaramento político de manter este braço-de-ferro a roçar o politicamente criminoso.

É bem mais fácil denunciar os atropelos no Brasil do que observar e zelar pela mais elementar Justiça e Humanidade em Portugal.

Luís Dias não faz parte da corte do poder, não pode pagar um exército de advogados, nem mesmo almejar ter no bolso um ministro irrevogável para tentar a queda do governo.

Com a maioria absoluta e um presidente em silêncio, António Costa ainda pode exacerbar mais esta demonstração autoritária.

A razão é simples: este Estado cobarde não pode abrir uma brecha na parede de abusos e ilegalidades que impõe cínica e arbitrariamente.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

NADA SERÁ COMO DANTES

 

A ciência e os costumes têm registado avanços significativos, mas a civilização está a retroceder: a possibilidade de um conflito nuclear nunca foi tão real.

Com eleições e referendos a merecerem aceitação ou condenação consoante as geografias em que são realizadas, é o abismo de ainda mais incerteza.

Não admira, portanto, os resultados na Suécia e, agora, em Itália, após os sucessivos avisos dos franceses e húngaros.

Depois da legitimação da extrema-esquerda, por causa dos excessos da direita selvagem, chegou a hora da extrema-direita vencer à custa da esquerda que abastarda os seus valores.

Os “cordões sanitários”, tão bafientos quanto surreais em tempos de globalização, já não disfarçam a corrupção e a impunidade dos abusos institucionais, políticos, financeiros e económicos.

As mortes por falta de assistência, a violência urbana brutal, os abusos de posição dominante e as negociatas de Estado, a dois e à porta fechada, só potenciam esta devastadora erosão.

Os tempos de grandes mudanças estão a confirmar tragicamente a existência dos fantasmas que nos têm assolado há décadas.

Nada será como dantes, desde a pífia maioria de Marcelo Rebelo de Sousa à surpreendente maioria de António Costa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

“ENGANADOS” DA REPÚBLICA

 

As últimas declarações do primeiro-ministro e de alguns ministros revelam o cúmulo político da insensibilidade, do desnorte e da arrogância.

O acumular de dívida pública, que serviu para financiar desvarios e clientelas, permitindo a consolidação do PS no poder, tem um elevado preço que está à vista.

No momento em que o Estado tem a obrigação de apoiar os mais pobres, as famílias e as empresas, o ilusionismo não é suficiente para desatar as mãos e os pés do governo.

Não surpreende, portanto, mais de 2,3 milhões de pessoas a viverem abaixo do limiar de pobreza.

Nem as sagradas pensões de miséria escapam às “contas certas” de quem já nem consegue maquilhar a realidade com mais anúncios e promessas.

Os efeitos da pandemia e da Guerra na Europa não afectaram única e exclusivamente Portugal.

Os últimos sete anos, de reformas adiadas e de espúrias guerras ideológicas, foram uma oportunidade perdida que condenou o país a mais décadas de sacrifícios.

Os responsáveis não são apenas aqueles que governaram a partir de São Bento e demais ministérios.

Do futebol ao #todosjuntos, dos melhores do Mundo a Tancos, dos sem-abrigo à conivência com os corruptos, não podemos esquecer quem mais branqueou e ajudou à propaganda descarada.

Nos próximos tempos não vão faltar os “enganados” da República, uma conhecida espécie de ratos desmemoriados sempre prontos a saltar do barco à beira do naufrágio.

Aliás, ninguém estranhou que o presidente tenha vindo a terreiro avisar publicamente que a partir de agora é melhor antecipar e falar verdade.

É o princípio do fim da governação ao jeito de António Costa, depois de anos de folclore e selfies que vão custar os olhos da cara aos portugueses.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

TEMPOS DE GRANDES MUDANÇAS


As crises, pelas mais diversas razões, obrigam a alterações de paradigma, uns radicais, violentos e insuportáveis, outros necessários e por vezes até úteis e bem-vindos.

Com o desaparecimento de Isabel II, e por mais esforços dos "jornalistas de Estado", o novo Rei Carlos III não vai escapar à crise institucional no Reino Unido, mais saco de dinheiro, menos saco de dinheiro, como já advinham as posições da Escócia e da Antiga e Barbuda.

Com a Guerra na Europa, o último truque de António Costa com as pensões revelou que nem com uma imprensa domesticada é possível fazer passar um truque do tamanho das promessas eleitorais desde 2015.

O afastamento de Boris Jonhson, que obteve, em 2019, a maior maioria absoluta do partido Conservador desde Margaret Thatcher, é disso um exemplo gritante.

Com a inflação a disparar, todos os receios são admissíveis e justificados.

A incerteza gerada pela pandemia é uma pequena amostra daquela que estamos a começar a viver agora por força de um status quo que tem os dias contados.

Internamente, o desvario governativo é transversal, desde a Saúde e a Justiça às Forças Armadas, isto sem esquecer o presidente que ainda é acalentado pelas sondagens por um povo que tarda em interiorizar o que se avizinha.

Externamente, o desenhar de um conflito à escala mundial, militar ou económico e financeiro, alterou todos os cenários e perspetivas.

A subida da extrema-direita na Europa, que acompanha a consolidação de movimentos radicais e anti-sistema, são uma fracção dos desafios dos próximos anos.

Com ou sem energia barata, com ou sem a vitória da Ucrânia, os tempos são de grandes mudanças.

Resta saber quanta dor e sofrimentos vão ser impostos aos povos, desde o Mundo civilizado aos mais pobres do Terceiro Mundo.

Insistir na pose de Estado, na ficção, em pactos de fachada e no adiamento de reformas com transparência e verdade é um sinal de pouca inteligência política.


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

QUANTO CUSTAM AS MENTIRAS POLÍTICAS?


As mentiras em política são como o oxigénio que respiramos.

Nós deixamos e até nos esquecemos.

António Costa, em 2017, quatro meses depois do trágico incêndio de Pedrógão, garantiu que os incêndios não tinham de ser uma inevitabilidade.

Quase cinco anos depois, ainda o Verão não acabou, Portugal é o país da União Europeia mais devastado pelos incêndios (quase o dobro de Espanha), e sem contar com os 240 km² queimados na Serra da Estrela.

O resultado é conhecido: depois de promessas e mais promessas, a derrota de 2015 transformou-se em vitória em 2019 e em maioria absoluta em 2022.

Marcelo Rebelo de Sousa trilha o mesmo caminho do delfim.

A promessa da erradicação dos sem-abrigo, antes das presidenciais de 2016, resultou na conquista de dois mandatos presidenciais.


Obviamente, poucos se lembram de tais enormidades, e a comunicação social faz-de-conta que nunca existiram.

Estes dois exemplos de mentiras são simbólicos.

Continuamos a permiti-las, indiferentes a quanto nos têm custado.







segunda-feira, 18 de julho de 2022

TRAMBOLHÃO


António Costa, com a “mãozinha” da comunicação social, lá foi vendendo a sua banha-da-cobra até chegar à maioria absoluta.

De promessa em promessa, quais fake news toleradas, valeu tudo, desde o silêncio cúmplice do presidente ao assobiar para o lado de quem tem o dever de escrutinar.

O trambolhão político é tal que é o próprio primeiro-ministro a manifestar choque com a falta de reformas estruturais que o próprio não fez.

Passados 100 dias da tomada de posse do XXIII governo constitucional, a ilusão começa a esbarrondar.

Com estrondo!

A autoridade do primeiro-ministro é diminuída pelo principal par.

O presidente é registado, de selfie em selfie, como um adereço da República.

Os cidadãos estão zangados, sentem-se enganados.

O fantasma do fascismo já não chega para explicar os falhanços sistematicamente desculpabilizados.

Nem a pandemia, nem a Guerra na Europa, podem servir de álibi, porque os seus efeitos devastadores ainda não se fazem realmente sentir.

O país contínua vulnerável, adiado, à mercê de mais um qualquer “amplo consenso”, obra faraónica, salvador com ou sem boné, gola e estrelas.

O balanço da governação é mais cidadãos sem médico de família, mais famílias que precisam de apoio para comer, mais sem-abrigo, mais dívida, mais impostos e mais inflação, em suma, demasiado caos, desfaçatez política e impunidade.

Será suficiente para desta vez despertar os portugueses?

O debate do Estado da Nação marca o regresso aos tempos da maioria de Sócrates, aos fumos da corrupção, à compra e venda na comunicação social, a mais e mais anúncios e truques.

A receita pode ser sempre a mesma, mas a fuga está cada vez mais difícil.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A FINGIR?


António Costa dá a entender que Marcelo Rebelo de Sousa conta para a governação.

Pedro Nuno Santos simula que o primeiro-ministro manda.

A comunicação social completa a encenação, agora à boleia da Guerra na Europa, tentando convencer-nos que o caos interno também se repete lá fora.

Até há quem ainda esteja convencido, acordado, a dormitar e no sono profundo, num governo que nos vai salvar nos próximos quatro anos.

No entanto, por mais falsificação, a realidade continua a abraçar-nos de uma forma sufocante.

Poucos são aqueles que insistem no alerta para a tempestade perfeita que se aproxima a passos largos, porque há quem insista em fazer de conta.

António Costa desfia promessas a um ritmo vertiginoso, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa desfruta com a avaliação de uma visita de Estado pelo número de selfies.

 Ainda assim continuamos a encolher os ombros a cada caso e casinho, com mais ou menos Fomento, que já custaram muitos milhares de milhões de euros.

Com o país a arder, a cada aumento da temperatura e da dívida pública, lá engolimos a confiança da maioria na governação que enche a boca com o Ambiente e as contas certas.

Até continuamos a querer acreditar nas sucessivas rábulas do combate à corrupção, da erradicação dos sem-abrigo e da pobreza e da prioridade ao Ensino, Justiça e Saúde.

Num país que ignora a miséria das pensões dos mais idosos e condena os jovens ao salário mínimo de sobrevivência, até quando vamos continuar a fingir?

segunda-feira, 4 de julho de 2022

ESPIRAL DE ONDAS


Ninguém diria que Portugal deu uma maioria absoluta a António Costa há um pouco mais de cinco meses.

O descontentamento está instalado, e aumenta a cada invenção, branqueamento e estudo encomendado.

Mais grave ainda é que não se vislumbra bonança nem solução.

Por muito bem que tenha corrido o 40º congresso do PSD, Luís Montenegro e as sete prioridades ainda não garantem confiança para sossegar os portugueses.

A comunicação social deixou de ser fiável e credível, como demonstrou a tragicomédia do novo aeroporto de Lisboa.

Basta uma rápida consulta pelas redes sociais para conhecer, sem jogos de poder nem truques de bastidores, o estado de ansiedade geral.

Com a eternização da Guerra na Europa, o sentimento negativo que varre Portugal cresce ao mesmo ritmo da inflação.

A balbúrdia instalada no SNS pode ser o gatilho.

O alerta de mais um Verão quente é apenas um eufemismo do que está para acontecer.

Marcelo Rebelo de Sousa a banhos e politicamente desnorteado.

António Costa ausente e refém do passado.

O governo à deriva.

Os serviços públicos no caos.

A dívida pública a disparar para níveis nunca vistos.

Cidadãos e empresários, legitimamente preocupados com o futuro, estão a afogar numa espiral de ondas negativas imparáveis.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

CELEBRAR PORTUGAL

 

António Costa, primeiro-ministro, vai gozando o silêncio.

Marta Temido, ministra da Saúde, por ora, remetida ao gabinete.

Marcelo Rebelo de Sousa quebra a mudez geral para afirmar que o encerramento das urgências hospitalares «é um problema específico».

Os portugueses sentem mais um branqueamento brutal.

Lucília Gago, procuradora-geral da República, fica na sombra, deixando crescer a percepção de que a incúria de alguns poderosos ainda está acima da Lei.

Curiosamente, nem os opinion makers atiram um pedido de demissão.

Nada!

O maior partido político da esquerda assobia para o lado.

É mais um apagão da cidadania, enquanto os elementos das claques de futebol se esfaqueiam e matam, muito por força de uma cultura alarve com direito a prime-time.

A impunidade dos representantes eleitos e dos gestores nomeados pelo poder político cava cada vez mais fundo esta espécie de Estado de Direito que também fecha ao fim-de-semana.

A choldra perdura!

O regime de Prevenção da Corrupção entrou em vigor mas a autoridade fiscalizadora não existe.

Resta o "contentamento" de saber que está em vigor, pois, está claro, com governantes assim “determinados” em combater uma das mais iníquas chagas da actualidade.

Tal e qual como a aprovação parlamentar da eutanásia, num país em que não há médicos e enfermeiros suficientes para salvar a vida dos doentes.

É o chafurdar sem limites!

Desfrutem!

Entretanto, continuamos a receber os turistas na maior bagunça.

A inconstitucionalidade da “lei dos metadados” começa a fazer estragos, depois dos órgãos de soberania fingirem politicamente, durante os últimos anos, que o problema não existia.

Só faltava mesmo a proeza dos portugueses obrigados a sair do país, por causa da fome ou da falta de uma vida digna, serem orgulhosamente exibidos precisamente por aqueles que os empurraram para fora.

Em síntese, recorrendo à actualidade e ao humor de Eça de Queirós:

«– Choldra em que você chafurda! - observou o Ega, rindo. O outro recuou com um grande gesto: – Distingamos! Chafurdo por necessidade!» (Os Maias).

segunda-feira, 30 de maio de 2022

MARCELO E COSTA COM DIAS DIFÍCEIS


A vitória de Luís Montenegro abriu um novo ciclo político, com o regresso em força de “passistas” e “santanistas” à liderança do PSD.

A derrota de Jorge Moreira da Silva, que também é mais uma derrota do Bloco Central, deixa campo aberto a uma oposição à direita mais forte e incisiva.

Os tempos são de mudança.

O presidente não vai poder, mais birra menos birra institucional, insistir no branqueamento sistemático da governação socialista.

Nem mesmo Rui Rio, com uma bancada parlamentar à medida de um consulado desastroso, pode contrariar os ventos que sopram a favor de Luís Montenegro.

Com Marcelo Rebelo de Sousa acantonado na irrelevância institucional, o novo líder do PSD bem pode contar com os efeitos da Guerra na Europa e da inflação descontrolada.

A mudança no PSD acontece no momento em que o horizonte é cada vez mais negro para António Costa.

A porta está aberta para uma federação de esforços à direita para construir uma alternativa à maioria socialista do PS.

Assim, estão criadas as novas condições para colocar a questão fundamental: Queremos continuar a hipotecar o futuro à custa de uma protecção social de fachada?

A propaganda governamental e o folclore presidencial vão esbarrar na brutal crise de perda de poder de compra.

A dupla Marcelo/Costa, uma descarada “fórmula de sucesso” desde 2016, com a cumplicidade dos Media, tem dias difíceis pela frente.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

METABALBÚRDIA



A visão orwelliana do Estado está mesmo diante dos nossos olhos.

A intervenção firme do Tribunal Constitucional, a propósito da “lei dos metadados”, em 2015, 2019 e 2022, não coloca em risco milhares de processos pendentes.

Quem abriu a porta a deixar de investigar e acusar milhares de criminosos foi a incúria política de António Costa e de Francisca van Dunem.

Obviamente, com o alto patrocínio do presidente, ano após ano, sempre alheado de tudo o que é fundamental.

É sempre assim, sem competência legislativa, debate sério, lisura intelectual e respeito pelos cidadãos.

O espanto geral assaltou os cidadãos com a última “lição” que os juízes deram, publicamente, a Lucília Gago, procuradora-geral da República.

Com a metabalbúrdia instalada já começou o salve-se quem puder, apesar da necessidade imperiosa de equilíbrio entre a privacidade e a ameaça do cibercrime, entre outras.

Da camuflagem das escutas ilegais das secretas ao reforço desenfreado de um Estado pidesco para mitigar as limitações da investigação criminal, o desastre está à vista?

 

 


segunda-feira, 9 de maio de 2022

DA MÃO ESTICADA AOS TREMOÇOS



Esforços diplomáticos são só para a bola.

A “conquista” da final da Champions, em 2020, é um dos momentos mais politicamente ridículos da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa.

Valeu tudo antes das eleições antes das eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2021.

Hoje, em contraste, objectivamente, chocam a falta de empenho e de mobilização do presidente em relação à Guerra na Europa.

Nem mesmo o “orgulho” de ter um secretário-geral da ONU português, António Guterres, é suficiente para convocar o Estado português.

Entre palavras pias do primeiro-ministro, e uns trocos de ajuda humanitária, Portugal apenas se tem destacado no acolhimento de refugiados ucranianos, logo manchado pelas suspeitas de espionagem ao serviço dos russos.

A oportunidade perdida de cumprir um papel activo em prol da paz, tantas vezes desempenhado por pequenos países nos conflitos internacionais, faz jus à indigência institucional em que estamos mergulhados.

Aliás, após 75 dias de invasão russa, o mediação da paz continua a pertencer à Arábia Saudita (ditadura), à Bielorrússia (agressor), a Israel (armas), a Abramovich (oligarca), à Suíça (branqueamento) e à Turquia (violação dos Direitos Humanos).

É preciso dizer mais?

No dia da Europa, resta uma diplomacia portuguesa de mão esticada, para sacar mais uns cobres à União Europeia, quiçá para abocanhar uns restos da reconstrução da Ucrânia.

Só faltam os tremoços.

segunda-feira, 21 de março de 2022

COSTA, BAIXA POLÍTICA E MIGALHAS

 


A hesitação na condenação peremptória da agressão russa a um Estado soberano diz tudo do primeiro-ministro, líder partidário e político.

Mesmo depois da condenação histórica do TIJ, António Costa continua incapaz de assumir uma declaração inequívoca na defesa do Direito Internacional e dos valores civilizacionais.

Na ONU, União Europeia e NATO até vamos a eles, mas depois, enquanto Estado, não faltam habilidades para evitar a condenação do criminoso de guerra.

Restam os braços abertos para os refugiados ucranianos, uma atitude à altura do momento, mas que não disfarça as vantagens do negócio do equilíbrio da segurança social falida.

É aviltante o seguidismo em relação aos dois mais importantes parceiros estratégicos – China e Índia – face ao miserável massacre de civis na Ucrânia.

Há quem lhe chame diplomacia, e até estratégia, mas é apenas a mesma lógica de baixa política que conduziu à Guerra na Europa.

Certamente, na senda de agradar ao “chefe”, também não é por acaso que uma certa intelligentsia caseira multiplica argumentos de alarve branqueamento de Vladimir Putin.

Habituados a chafurdar nesta pocilga política, Marcelo Rebelo de Sousa permanece acantonando na irrelevância institucional – entre o exibicionismo e o apagamento.

Os negócios com Angola, China e Venezuela continuam a ser o padrão de referência da governação à esquerda.

É a continuidade do vale tudo – dos “vistos gold” à incompreensão da rejeição ucraniana da rendição –, desde que sobrem umas migalhas.

O posicionamento internacional de Portugal exige um debate profundo, sobretudo em tempos de maioria absoluta do PS.

Pelo que resta da credibilidade portuguesa no seio da comunidade internacional.

Pela nossa própria segurança.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

A GRANDE ILUSÃO

 

A hecatombe do Bloco de Esquerda e do PCP e a explosão do Chega e da Iniciativa Liberal atiraram o país para as mãos de uma governação que havia manifestamente falhado.

Agora, sem a desculpa dos empecilhos à esquerda, com a direita ainda mais radicalizada e varrida a importância de Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa vai enfrentar a sua própria aventura.

E se o receio lhe deu a vitória, a realidade obrigá-lo-á a subir penosamente o Gólgota, tais são os erros do passado e os riscos que estão no horizonte.

O medo também foi vencedor das eleições legislativas antecipadas.

A maioria absoluta do PS foi o refúgio que os portugueses consideraram mais seguro no actual tempo de crise excepcional.

O PSD não foi capaz de entender que a hora era de dar mais segurança, deixando-se embalar pela sereia do Bloco Central e por sondagens cuja credibilidade definitivamente morreu.

Rui Rio estava teimosamente preparado para o país, mas os portugueses ainda não estão confiantes numa mudança sustentada em mais rigor.

O caos na Justiça, Saúde e Educação não foram suficientes para mudar, pois a alternativa ancorada em mais exigência foi percepcionada como um risco insuportável.

Mais demérito do PSD do que mérito do PS.

O povo português entendeu colectivamente que devia dar mais uma oportunidade a António Costa.

Fê-lo expressivamente, fazendo baixar a abstenção.

«O povo votou, o PS ganhou».

Foi assim que António Costa sintetizou a maioria absoluta do PS.

Só resta saber se a grande ilusão manterá os mesmos protagonistas e a estabilidade política e social durante quatro anos face à oposição dura e crua do Chega e da Iniciativa Liberal.




segunda-feira, 29 de novembro de 2021

RIO DE TACHOS

 

O reconfirmado líder do PSD deve a vitória, ainda que à tangente, ao conhecimento ímpar dos militantes do partido em que milita desde os 18 anos.

Seguramente, não é por acaso que, no discurso de vitória, Rui Rio escolheu brindar os seus adversários com uma pérola: «Aqueles que são os dirigentes do partido, nas distritais e nas concelhias, têm de se ligar mais aos militantes».

Ora, o que deu a vitória a Rui Rio não foi a revolta das bases, mas o tradicional instinto de sobrevivência de quem pertence a um partido habituado a estar sentado à mesa do poder.

A escolha era linear: de um lado, ganhando ou perdendo nas eleições de 30 de Janeiro, a garantia de poder alavancar as benesses do poder; do outro, o abismo de uma travessia do deserto, face à enorme probabilidade do PSD não alcançar uma maioria absoluta.

Paulo Rangel e os seus estrategas de gabinete subestimaram os interesses mais prosaicos da militância partidária.

Rui Rio, mais básico, limitou-se a explorar a natureza partidária, com a aposta no discurso do desprendimento e do camuflado, confundindo a teimosia com a densidade da convicção.

Com o presidente e o primeiro-ministro desgastados e desacreditados, o apodrecimento da crise fez o resto.

Contra tudo e todos, sem esquecer Marcelo Rebelo de Sousa, Aníbal Cavaco Silva e a maioria da imprensa, Rui Rio ganhou precisamente pela razão mais mesquinha em política: o tachismo.

O estilo desafiador de Paulo Rangel, aliás na linha mais radical do “passismo”, ainda não colhe no país de Rui Rio, em que a “vidinha” mais ordena.

Para já, o PSD ficou a ganhar, ainda que dividido ao meio pelo estilo na oposição.

É um recado de monta para o líder.

Ponto final, parágrafo.

Vamos mudar de capítulo?

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

NEM MAIS TRANSPARÊNCIA, NEM MENOS VERGONHA


Não fora a investigação liderada pelo juiz Carlos Alexandre, provavelmente nada se saberia sobre mais um escândalo em Portugal e na ONU.

Desde 10 de Março de 2020 até 8 de Novembro de 2021, nem uma palavra da organização internacional sobre os abusos perpetrados em nome da paz, perdão, dos diamantes.

Apenas um lacónico comunicado que transparece surpresa e, obviamente, promessa de disponibilidade para cooperar na investigação da Justiça portuguesa, mas sem confirmar a abertura de um inquérito.

O silêncio de 20 meses da ONU, em relação ao caso dos diamantes nas Forças Armadas em missão na República Centro Africana, pode indignar, mas não surpreende.

Nem mesmo a denúncia de António Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que exibiu a carta enviada à ONU na audição parlamentar do passado dia 19, mudou o curso dos acontecimentos ou mereceu qualquer comentário oficial adicional.

Tal como muitos dos seus antecessores, António Guterres, secretário-geral da ONU, não mudou o paradigma: nem mais transparência, nem menos vergonha.

Afinal, o historial de escândalos já vem de longe.

E nem a última demissão de Anders Gunnar Kompass, diplomata sueco, em 2016, mudou o que quer que seja na tradicional política de encobrimento de todo o tipo de abusos.

Em Portugal, além das historietas oficiais sobre o caso dos diamantes, que mais parecem mentiras infantis, estão reunidas as condições para tudo ficar enredado nas malhas do tempo da Justiça à portuguesa.

E, no caso dos diamantes, o envolvimento cumulativo das Forças Armadas portuguesas e de angolanos ainda torna mais difícil qualquer esperança numa atitude de Estado, digna e limpa.

Já sabíamos, de acordo com a percepção dos portugueses, que há uma Justiça para ricos e outra para pobres.

No país de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa é mesmo assim, como já provaram outros casos – Manuel Vicente, Ricardo Salgado e ainda José Sócrates passados sete anos da sua prisão preventiva.

Resta saber se é admissível que o presidente, nas suas declarações oficiais, de modo hábil, implícito e quase sub-reptício, continue a sugerir um perímetro para tentar condicionar a Justiça, das razões de Estado ao prestígio das Forças Armadas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O QUE ESCONDE MARCELO?

 

Os factos são o que são, e as consequências também.

E, para já, há uma única certeza: a abertura da crise é da responsabilidade do presidente.

Políticos, analistas e comentadores, de todos os quadrantes, têm criticado a precipitação do anúncio da dissolução da Assembleia da República, ainda antes de estar esgotada a negociação do Orçamento do Estado para 2022.

E alguns até denunciam a flagrante e descabida ingerência na vida parlamentar e partidária.

Existiam outros caminhos, desde a elaboração de um novo orçamento até à apresentação de uma moção de confiança e/ou de censura, ou ainda o pedido de demissão do primeiro-ministro.

Assim, é de desejar que Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da formalização da data das eleições antecipadas, avance uma qualquer revelação que justifique o comportamento, à primeira vista, tão politicamente aventureiro.

Isto sem excluir, tendo em conta o histórico da personagem, a hipótese de dar o dito-por-não-dito.

Admitindo que o país vai mesmo a eleições, nas actuais circunstâncias económicas, financeiras e até pandémicas, é urgente uma cristalina prestação de contas, não basta invocar os poderes formais.

Tanto mais que, na próxima campanha eleitoral, os partidos não vão carregar as responsabilidades que não lhes cabem.

É exigível uma explicação coerente, caso contrário impõe-se investigar se o presidente está em condições para exercer o cargo ou então se existia um acordo prévio desconhecido dos portugueses.

Apesar de alguns achaques de autoritarismo, aparentemente explicáveis pela idade, a primeira possibilidade parece estar excluída.

Ora, a segunda ainda não está.

Aliás, face ao anúncio da dissolução, a pronta aceitação do primeiro-ministro, a roçar a submissão política, legitima a racionalidade e a pertinência de todas as suspeitas.

E ninguém esquece, ou pode desvalorizar, que a decisão presidencial foi anunciada com o conhecimento de uma disputa na liderança do PSD e do CDS/PP.

Aqui chegados, eis mais uma súbita cambalhota: depois do impulso, da urgência e da azáfama, o presidente anda agora a encanar a perna à rã, retardando a realização das eleições.

A bizarria já foi sibilinamente notada por Pedro Santana Lopes: «Há aqui qualquer coisa que parece que nos escapa».

O que esconde Marcelo Rebelo de Sousa?

Um pacto, com António Costa?

Cedências a outros políticos e protagonistas?

O presidente não pode tudo para apenas assumir uma centralidade que apazigúe a megalomania institucional.

A situação é demasiado grave para ficar por mais silêncios.

Ou por declarações espúrias e labirínticas, como tem acontecido com BES, GES, Novo Banco, Tancos, Covid, PRR e combate à corrupção.

Em situações semelhantes, os votos dos portugueses, bem ou mal, têm validado a utilização da “bomba atómica” constitucional.

E se tal não acontecer em 2022?

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

PAULO RANGEL À PROVA DE “CAMA”

 

Paulo Rangel é um forte candidato à liderança do PSD.

Não é uma cara nova da política, mas representa um discurso público frontal, competente e europeu.

Se vencer as directas do PSD, a tarefa que tem pela frente dentro do partido é tão pesada quanto a empreitada de chegar ao poder.

Desde os “barões” partidários das negociatas ao Estado gordo, corrupto e enxameado de boys, à custa de mais de cinco anos branqueamento presidencial, eis um desafio à altura do repto lançado pelo ainda eurodeputado.

Paulo Rangel já demonstrou que não é anjinho para cair na mais velha esparrela política, permitindo que a vacuidade e o capricho presidenciais lhe façam a “cama”.

De igual modo, também não parece capaz de cair na tentação medíocre de apanhar a boleia de mais uma qualquer cambalhota de Marcelo Rebelo de Sousa, agora empenhado em limpar um passado de cumplicidades com António Costa.

E, certamente, também não é político para engolir sucessivas derrotas e ficar à espera que o governo caia de podre.

Por último, a lucidez: a afirmação de que Chega é o maior aliado do PS.

O objectivo anunciado de retomar os debates quinzenais na Assembleia da República honra a necessidade imperiosa de um escrutínio sereno e implacável da governação.

O líder do maior partido da oposição não pode permanecer escondido, nem faltar ao espaço mediático.

O discurso de verdade, a exigência em relação ao presidente, a marcação ao primeiro-ministro e a criação de uma alternativa clara fazem parte do caminho longo e difícil a que Paulo Rangel se propõe.

Em Democracia, não há branqueamentos eternos, nem arrogâncias impunes, nem silêncios perdoáveis, nem medo da imprensa, nem vitórias impossíveis.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

BARRETO, CAVACO E MORGADO: A LUTA CONTINUA


António Barreto, Aníbal Cavaco Silva e Maria José Morgado, em artigos de opinião, destaparam a realidade que tem sido militantemente abafada.

É um aviso a António Costa.

E um soco no estômago de Marcelo Rebelo de Sousa, um cartão amarelo à (sua) imprensa e um alerta à sociedade civil.

Do «apetite insaciável» pelo poder ao «empobrecimento» do país, Barreto e Cavaco fazem um retrato lúcido e dantesco do país em que o Estado esmaga os cidadãos, a economia, a iniciativa e a liberdade.

Nem nos tempos do pior do “cavaquismo”.

Só mesmo no “consulado” de Sócrates se chegou tão próximo do abismo.

Por sua vez, Maria José Morgado concentra a atenção num dos sectores mais doentes: a Justiça.


Os mais recentes casos – demissão do juiz Rui Fonseca e Castro e fuga de João Rendeiro – são verdadeiramente um balde de água gelada no folclore institucional, sobretudo o presidencial.

Em boa verdade, estamos novamente perante o dilema: ou Costa fica, arriscando alastrar o pântano, ou parte para um qualquer cargo europeu, abrindo espaço a novos caminhos.

Mas qual é a alternativa que temos pela frente?

A de Rui Rio, que oscila entre a necessidade de mudança e ao mesmo tempo cala, consente e pratica os tiques do Bloco Central?

A de Pedro Nuno Santos, que defende Estado e mais Estado, reinventando uma “Terceira Via” ainda mais perigosa?

A encruzilhada está aí.

E, mais uma vez, cai do céu uma batelada de dinheiro em cima dos problemas, sem estratégia, sem critério, mais um bodo para a clique do poder, com oportunistas e corruptos na primeira fila.

Entretanto, o povo anestesiado com a informação subserviente, os programas pimba e futebol e mais futebol.

É possível combater as fake news e tolerar a propaganda e o branqueamento?

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

REVIVER O PASSADO

 

Egos, decisões e corrupção, que recaem no esquecimento do tempo, têm custos extraordinários que estão mesmo ao nosso lado, no dia-a-dia, por mais que a propaganda tente escondê-los.

Da Saúde à Justiça, da Administração à Economia, da Educação à Segurança, Portugal continua mergulhado num tempo de opções avulsas, truques vis e oportunismos descarados que vão custar mais sofrimento e demorar décadas a corrigir.

Os casos de abandono e incúria do Estado, que vão enxameando o espaço mediático – qual ponta do iceberg –, vão rasgando qualquer veleidade de justiça social e até de Estado de Direito.

Uns, chamam-lhe pragmatismo; outros, encolhem os ombros; e alguns ainda confiam na globalização.

Entretanto, mais campanha menos campanha eleitoral, lá surgem as promessas desbragadas, agora sob a forma de PRR para beneficiar os da mesma cor do poder.

O que é feito da memória?

Estamos a reviver o passado que nos atirou para a miséria, com os mesmos interlocutores e métodos, beneficiando do encobrimento e passividades. 

Os mais velhos chamaram-lhe ditadura, recentemente “asfixia democrática”, enquanto os sempre apanhados de “surpresa” lá seguem o chefe.

São poucas as vezes em que é possível identificar o "culpado", anos passados de demagogia e cumplicidades diversas, das pessoais às institucionais.

Ninguém sabia de nada.

Silêncio!

Take 260921.

O povo é quem mais ordena, e à cautela uma câmara de vigilância em cada esquina.

Os homens do poder, com esta espécie de Esquerda a mandar, agarram o pau como podem, numa mão a insensibilidade social e na outra a incompreensão do desespero.

Fazem lembrar a ignomínia de ditadores e comitivas a fazerem compras nas avenidas de luxo das capitais mundiais enquanto os seus povos morrem de fome.

Vai mais uma vacina?