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segunda-feira, 11 de julho de 2022

ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A FINGIR?


António Costa dá a entender que Marcelo Rebelo de Sousa conta para a governação.

Pedro Nuno Santos simula que o primeiro-ministro manda.

A comunicação social completa a encenação, agora à boleia da Guerra na Europa, tentando convencer-nos que o caos interno também se repete lá fora.

Até há quem ainda esteja convencido, acordado, a dormitar e no sono profundo, num governo que nos vai salvar nos próximos quatro anos.

No entanto, por mais falsificação, a realidade continua a abraçar-nos de uma forma sufocante.

Poucos são aqueles que insistem no alerta para a tempestade perfeita que se aproxima a passos largos, porque há quem insista em fazer de conta.

António Costa desfia promessas a um ritmo vertiginoso, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa desfruta com a avaliação de uma visita de Estado pelo número de selfies.

 Ainda assim continuamos a encolher os ombros a cada caso e casinho, com mais ou menos Fomento, que já custaram muitos milhares de milhões de euros.

Com o país a arder, a cada aumento da temperatura e da dívida pública, lá engolimos a confiança da maioria na governação que enche a boca com o Ambiente e as contas certas.

Até continuamos a querer acreditar nas sucessivas rábulas do combate à corrupção, da erradicação dos sem-abrigo e da pobreza e da prioridade ao Ensino, Justiça e Saúde.

Num país que ignora a miséria das pensões dos mais idosos e condena os jovens ao salário mínimo de sobrevivência, até quando vamos continuar a fingir?

segunda-feira, 4 de julho de 2022

ESPIRAL DE ONDAS


Ninguém diria que Portugal deu uma maioria absoluta a António Costa há um pouco mais de cinco meses.

O descontentamento está instalado, e aumenta a cada invenção, branqueamento e estudo encomendado.

Mais grave ainda é que não se vislumbra bonança nem solução.

Por muito bem que tenha corrido o 40º congresso do PSD, Luís Montenegro e as sete prioridades ainda não garantem confiança para sossegar os portugueses.

A comunicação social deixou de ser fiável e credível, como demonstrou a tragicomédia do novo aeroporto de Lisboa.

Basta uma rápida consulta pelas redes sociais para conhecer, sem jogos de poder nem truques de bastidores, o estado de ansiedade geral.

Com a eternização da Guerra na Europa, o sentimento negativo que varre Portugal cresce ao mesmo ritmo da inflação.

A balbúrdia instalada no SNS pode ser o gatilho.

O alerta de mais um Verão quente é apenas um eufemismo do que está para acontecer.

Marcelo Rebelo de Sousa a banhos e politicamente desnorteado.

António Costa ausente e refém do passado.

O governo à deriva.

Os serviços públicos no caos.

A dívida pública a disparar para níveis nunca vistos.

Cidadãos e empresários, legitimamente preocupados com o futuro, estão a afogar numa espiral de ondas negativas imparáveis.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

CELEBRAR PORTUGAL

 

António Costa, primeiro-ministro, vai gozando o silêncio.

Marta Temido, ministra da Saúde, por ora, remetida ao gabinete.

Marcelo Rebelo de Sousa quebra a mudez geral para afirmar que o encerramento das urgências hospitalares «é um problema específico».

Os portugueses sentem mais um branqueamento brutal.

Lucília Gago, procuradora-geral da República, fica na sombra, deixando crescer a percepção de que a incúria de alguns poderosos ainda está acima da Lei.

Curiosamente, nem os opinion makers atiram um pedido de demissão.

Nada!

O maior partido político da esquerda assobia para o lado.

É mais um apagão da cidadania, enquanto os elementos das claques de futebol se esfaqueiam e matam, muito por força de uma cultura alarve com direito a prime-time.

A impunidade dos representantes eleitos e dos gestores nomeados pelo poder político cava cada vez mais fundo esta espécie de Estado de Direito que também fecha ao fim-de-semana.

A choldra perdura!

O regime de Prevenção da Corrupção entrou em vigor mas a autoridade fiscalizadora não existe.

Resta o "contentamento" de saber que está em vigor, pois, está claro, com governantes assim “determinados” em combater uma das mais iníquas chagas da actualidade.

Tal e qual como a aprovação parlamentar da eutanásia, num país em que não há médicos e enfermeiros suficientes para salvar a vida dos doentes.

É o chafurdar sem limites!

Desfrutem!

Entretanto, continuamos a receber os turistas na maior bagunça.

A inconstitucionalidade da “lei dos metadados” começa a fazer estragos, depois dos órgãos de soberania fingirem politicamente, durante os últimos anos, que o problema não existia.

Só faltava mesmo a proeza dos portugueses obrigados a sair do país, por causa da fome ou da falta de uma vida digna, serem orgulhosamente exibidos precisamente por aqueles que os empurraram para fora.

Em síntese, recorrendo à actualidade e ao humor de Eça de Queirós:

«– Choldra em que você chafurda! - observou o Ega, rindo. O outro recuou com um grande gesto: – Distingamos! Chafurdo por necessidade!» (Os Maias).

segunda-feira, 30 de maio de 2022

MARCELO E COSTA COM DIAS DIFÍCEIS


A vitória de Luís Montenegro abriu um novo ciclo político, com o regresso em força de “passistas” e “santanistas” à liderança do PSD.

A derrota de Jorge Moreira da Silva, que também é mais uma derrota do Bloco Central, deixa campo aberto a uma oposição à direita mais forte e incisiva.

Os tempos são de mudança.

O presidente não vai poder, mais birra menos birra institucional, insistir no branqueamento sistemático da governação socialista.

Nem mesmo Rui Rio, com uma bancada parlamentar à medida de um consulado desastroso, pode contrariar os ventos que sopram a favor de Luís Montenegro.

Com Marcelo Rebelo de Sousa acantonado na irrelevância institucional, o novo líder do PSD bem pode contar com os efeitos da Guerra na Europa e da inflação descontrolada.

A mudança no PSD acontece no momento em que o horizonte é cada vez mais negro para António Costa.

A porta está aberta para uma federação de esforços à direita para construir uma alternativa à maioria socialista do PS.

Assim, estão criadas as novas condições para colocar a questão fundamental: Queremos continuar a hipotecar o futuro à custa de uma protecção social de fachada?

A propaganda governamental e o folclore presidencial vão esbarrar na brutal crise de perda de poder de compra.

A dupla Marcelo/Costa, uma descarada “fórmula de sucesso” desde 2016, com a cumplicidade dos Media, tem dias difíceis pela frente.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

METABALBÚRDIA



A visão orwelliana do Estado está mesmo diante dos nossos olhos.

A intervenção firme do Tribunal Constitucional, a propósito da “lei dos metadados”, em 2015, 2019 e 2022, não coloca em risco milhares de processos pendentes.

Quem abriu a porta a deixar de investigar e acusar milhares de criminosos foi a incúria política de António Costa e de Francisca van Dunem.

Obviamente, com o alto patrocínio do presidente, ano após ano, sempre alheado de tudo o que é fundamental.

É sempre assim, sem competência legislativa, debate sério, lisura intelectual e respeito pelos cidadãos.

O espanto geral assaltou os cidadãos com a última “lição” que os juízes deram, publicamente, a Lucília Gago, procuradora-geral da República.

Com a metabalbúrdia instalada já começou o salve-se quem puder, apesar da necessidade imperiosa de equilíbrio entre a privacidade e a ameaça do cibercrime, entre outras.

Da camuflagem das escutas ilegais das secretas ao reforço desenfreado de um Estado pidesco para mitigar as limitações da investigação criminal, o desastre está à vista?

 

 


segunda-feira, 9 de maio de 2022

DA MÃO ESTICADA AOS TREMOÇOS



Esforços diplomáticos são só para a bola.

A “conquista” da final da Champions, em 2020, é um dos momentos mais politicamente ridículos da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa.

Valeu tudo antes das eleições antes das eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2021.

Hoje, em contraste, objectivamente, chocam a falta de empenho e de mobilização do presidente em relação à Guerra na Europa.

Nem mesmo o “orgulho” de ter um secretário-geral da ONU português, António Guterres, é suficiente para convocar o Estado português.

Entre palavras pias do primeiro-ministro, e uns trocos de ajuda humanitária, Portugal apenas se tem destacado no acolhimento de refugiados ucranianos, logo manchado pelas suspeitas de espionagem ao serviço dos russos.

A oportunidade perdida de cumprir um papel activo em prol da paz, tantas vezes desempenhado por pequenos países nos conflitos internacionais, faz jus à indigência institucional em que estamos mergulhados.

Aliás, após 75 dias de invasão russa, o mediação da paz continua a pertencer à Arábia Saudita (ditadura), à Bielorrússia (agressor), a Israel (armas), a Abramovich (oligarca), à Suíça (branqueamento) e à Turquia (violação dos Direitos Humanos).

É preciso dizer mais?

No dia da Europa, resta uma diplomacia portuguesa de mão esticada, para sacar mais uns cobres à União Europeia, quiçá para abocanhar uns restos da reconstrução da Ucrânia.

Só faltam os tremoços.

segunda-feira, 21 de março de 2022

COSTA, BAIXA POLÍTICA E MIGALHAS

 


A hesitação na condenação peremptória da agressão russa a um Estado soberano diz tudo do primeiro-ministro, líder partidário e político.

Mesmo depois da condenação histórica do TIJ, António Costa continua incapaz de assumir uma declaração inequívoca na defesa do Direito Internacional e dos valores civilizacionais.

Na ONU, União Europeia e NATO até vamos a eles, mas depois, enquanto Estado, não faltam habilidades para evitar a condenação do criminoso de guerra.

Restam os braços abertos para os refugiados ucranianos, uma atitude à altura do momento, mas que não disfarça as vantagens do negócio do equilíbrio da segurança social falida.

É aviltante o seguidismo em relação aos dois mais importantes parceiros estratégicos – China e Índia – face ao miserável massacre de civis na Ucrânia.

Há quem lhe chame diplomacia, e até estratégia, mas é apenas a mesma lógica de baixa política que conduziu à Guerra na Europa.

Certamente, na senda de agradar ao “chefe”, também não é por acaso que uma certa intelligentsia caseira multiplica argumentos de alarve branqueamento de Vladimir Putin.

Habituados a chafurdar nesta pocilga política, Marcelo Rebelo de Sousa permanece acantonando na irrelevância institucional – entre o exibicionismo e o apagamento.

Os negócios com Angola, China e Venezuela continuam a ser o padrão de referência da governação à esquerda.

É a continuidade do vale tudo – dos “vistos gold” à incompreensão da rejeição ucraniana da rendição –, desde que sobrem umas migalhas.

O posicionamento internacional de Portugal exige um debate profundo, sobretudo em tempos de maioria absoluta do PS.

Pelo que resta da credibilidade portuguesa no seio da comunidade internacional.

Pela nossa própria segurança.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

RIO DE TACHOS

 

O reconfirmado líder do PSD deve a vitória, ainda que à tangente, ao conhecimento ímpar dos militantes do partido em que milita desde os 18 anos.

Seguramente, não é por acaso que, no discurso de vitória, Rui Rio escolheu brindar os seus adversários com uma pérola: «Aqueles que são os dirigentes do partido, nas distritais e nas concelhias, têm de se ligar mais aos militantes».

Ora, o que deu a vitória a Rui Rio não foi a revolta das bases, mas o tradicional instinto de sobrevivência de quem pertence a um partido habituado a estar sentado à mesa do poder.

A escolha era linear: de um lado, ganhando ou perdendo nas eleições de 30 de Janeiro, a garantia de poder alavancar as benesses do poder; do outro, o abismo de uma travessia do deserto, face à enorme probabilidade do PSD não alcançar uma maioria absoluta.

Paulo Rangel e os seus estrategas de gabinete subestimaram os interesses mais prosaicos da militância partidária.

Rui Rio, mais básico, limitou-se a explorar a natureza partidária, com a aposta no discurso do desprendimento e do camuflado, confundindo a teimosia com a densidade da convicção.

Com o presidente e o primeiro-ministro desgastados e desacreditados, o apodrecimento da crise fez o resto.

Contra tudo e todos, sem esquecer Marcelo Rebelo de Sousa, Aníbal Cavaco Silva e a maioria da imprensa, Rui Rio ganhou precisamente pela razão mais mesquinha em política: o tachismo.

O estilo desafiador de Paulo Rangel, aliás na linha mais radical do “passismo”, ainda não colhe no país de Rui Rio, em que a “vidinha” mais ordena.

Para já, o PSD ficou a ganhar, ainda que dividido ao meio pelo estilo na oposição.

É um recado de monta para o líder.

Ponto final, parágrafo.

Vamos mudar de capítulo?

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

NEM MAIS TRANSPARÊNCIA, NEM MENOS VERGONHA


Não fora a investigação liderada pelo juiz Carlos Alexandre, provavelmente nada se saberia sobre mais um escândalo em Portugal e na ONU.

Desde 10 de Março de 2020 até 8 de Novembro de 2021, nem uma palavra da organização internacional sobre os abusos perpetrados em nome da paz, perdão, dos diamantes.

Apenas um lacónico comunicado que transparece surpresa e, obviamente, promessa de disponibilidade para cooperar na investigação da Justiça portuguesa, mas sem confirmar a abertura de um inquérito.

O silêncio de 20 meses da ONU, em relação ao caso dos diamantes nas Forças Armadas em missão na República Centro Africana, pode indignar, mas não surpreende.

Nem mesmo a denúncia de António Silva Ribeiro, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que exibiu a carta enviada à ONU na audição parlamentar do passado dia 19, mudou o curso dos acontecimentos ou mereceu qualquer comentário oficial adicional.

Tal como muitos dos seus antecessores, António Guterres, secretário-geral da ONU, não mudou o paradigma: nem mais transparência, nem menos vergonha.

Afinal, o historial de escândalos já vem de longe.

E nem a última demissão de Anders Gunnar Kompass, diplomata sueco, em 2016, mudou o que quer que seja na tradicional política de encobrimento de todo o tipo de abusos.

Em Portugal, além das historietas oficiais sobre o caso dos diamantes, que mais parecem mentiras infantis, estão reunidas as condições para tudo ficar enredado nas malhas do tempo da Justiça à portuguesa.

E, no caso dos diamantes, o envolvimento cumulativo das Forças Armadas portuguesas e de angolanos ainda torna mais difícil qualquer esperança numa atitude de Estado, digna e limpa.

Já sabíamos, de acordo com a percepção dos portugueses, que há uma Justiça para ricos e outra para pobres.

No país de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa é mesmo assim, como já provaram outros casos – Manuel Vicente, Ricardo Salgado e ainda José Sócrates passados sete anos da sua prisão preventiva.

Resta saber se é admissível que o presidente, nas suas declarações oficiais, de modo hábil, implícito e quase sub-reptício, continue a sugerir um perímetro para tentar condicionar a Justiça, das razões de Estado ao prestígio das Forças Armadas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O QUE ESCONDE MARCELO?

 

Os factos são o que são, e as consequências também.

E, para já, há uma única certeza: a abertura da crise é da responsabilidade do presidente.

Políticos, analistas e comentadores, de todos os quadrantes, têm criticado a precipitação do anúncio da dissolução da Assembleia da República, ainda antes de estar esgotada a negociação do Orçamento do Estado para 2022.

E alguns até denunciam a flagrante e descabida ingerência na vida parlamentar e partidária.

Existiam outros caminhos, desde a elaboração de um novo orçamento até à apresentação de uma moção de confiança e/ou de censura, ou ainda o pedido de demissão do primeiro-ministro.

Assim, é de desejar que Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da formalização da data das eleições antecipadas, avance uma qualquer revelação que justifique o comportamento, à primeira vista, tão politicamente aventureiro.

Isto sem excluir, tendo em conta o histórico da personagem, a hipótese de dar o dito-por-não-dito.

Admitindo que o país vai mesmo a eleições, nas actuais circunstâncias económicas, financeiras e até pandémicas, é urgente uma cristalina prestação de contas, não basta invocar os poderes formais.

Tanto mais que, na próxima campanha eleitoral, os partidos não vão carregar as responsabilidades que não lhes cabem.

É exigível uma explicação coerente, caso contrário impõe-se investigar se o presidente está em condições para exercer o cargo ou então se existia um acordo prévio desconhecido dos portugueses.

Apesar de alguns achaques de autoritarismo, aparentemente explicáveis pela idade, a primeira possibilidade parece estar excluída.

Ora, a segunda ainda não está.

Aliás, face ao anúncio da dissolução, a pronta aceitação do primeiro-ministro, a roçar a submissão política, legitima a racionalidade e a pertinência de todas as suspeitas.

E ninguém esquece, ou pode desvalorizar, que a decisão presidencial foi anunciada com o conhecimento de uma disputa na liderança do PSD e do CDS/PP.

Aqui chegados, eis mais uma súbita cambalhota: depois do impulso, da urgência e da azáfama, o presidente anda agora a encanar a perna à rã, retardando a realização das eleições.

A bizarria já foi sibilinamente notada por Pedro Santana Lopes: «Há aqui qualquer coisa que parece que nos escapa».

O que esconde Marcelo Rebelo de Sousa?

Um pacto, com António Costa?

Cedências a outros políticos e protagonistas?

O presidente não pode tudo para apenas assumir uma centralidade que apazigúe a megalomania institucional.

A situação é demasiado grave para ficar por mais silêncios.

Ou por declarações espúrias e labirínticas, como tem acontecido com BES, GES, Novo Banco, Tancos, Covid, PRR e combate à corrupção.

Em situações semelhantes, os votos dos portugueses, bem ou mal, têm validado a utilização da “bomba atómica” constitucional.

E se tal não acontecer em 2022?

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

PAULO RANGEL À PROVA DE “CAMA”

 

Paulo Rangel é um forte candidato à liderança do PSD.

Não é uma cara nova da política, mas representa um discurso público frontal, competente e europeu.

Se vencer as directas do PSD, a tarefa que tem pela frente dentro do partido é tão pesada quanto a empreitada de chegar ao poder.

Desde os “barões” partidários das negociatas ao Estado gordo, corrupto e enxameado de boys, à custa de mais de cinco anos branqueamento presidencial, eis um desafio à altura do repto lançado pelo ainda eurodeputado.

Paulo Rangel já demonstrou que não é anjinho para cair na mais velha esparrela política, permitindo que a vacuidade e o capricho presidenciais lhe façam a “cama”.

De igual modo, também não parece capaz de cair na tentação medíocre de apanhar a boleia de mais uma qualquer cambalhota de Marcelo Rebelo de Sousa, agora empenhado em limpar um passado de cumplicidades com António Costa.

E, certamente, também não é político para engolir sucessivas derrotas e ficar à espera que o governo caia de podre.

Por último, a lucidez: a afirmação de que Chega é o maior aliado do PS.

O objectivo anunciado de retomar os debates quinzenais na Assembleia da República honra a necessidade imperiosa de um escrutínio sereno e implacável da governação.

O líder do maior partido da oposição não pode permanecer escondido, nem faltar ao espaço mediático.

O discurso de verdade, a exigência em relação ao presidente, a marcação ao primeiro-ministro e a criação de uma alternativa clara fazem parte do caminho longo e difícil a que Paulo Rangel se propõe.

Em Democracia, não há branqueamentos eternos, nem arrogâncias impunes, nem silêncios perdoáveis, nem medo da imprensa, nem vitórias impossíveis.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

BARRETO, CAVACO E MORGADO: A LUTA CONTINUA


António Barreto, Aníbal Cavaco Silva e Maria José Morgado, em artigos de opinião, destaparam a realidade que tem sido militantemente abafada.

É um aviso a António Costa.

E um soco no estômago de Marcelo Rebelo de Sousa, um cartão amarelo à (sua) imprensa e um alerta à sociedade civil.

Do «apetite insaciável» pelo poder ao «empobrecimento» do país, Barreto e Cavaco fazem um retrato lúcido e dantesco do país em que o Estado esmaga os cidadãos, a economia, a iniciativa e a liberdade.

Nem nos tempos do pior do “cavaquismo”.

Só mesmo no “consulado” de Sócrates se chegou tão próximo do abismo.

Por sua vez, Maria José Morgado concentra a atenção num dos sectores mais doentes: a Justiça.


Os mais recentes casos – demissão do juiz Rui Fonseca e Castro e fuga de João Rendeiro – são verdadeiramente um balde de água gelada no folclore institucional, sobretudo o presidencial.

Em boa verdade, estamos novamente perante o dilema: ou Costa fica, arriscando alastrar o pântano, ou parte para um qualquer cargo europeu, abrindo espaço a novos caminhos.

Mas qual é a alternativa que temos pela frente?

A de Rui Rio, que oscila entre a necessidade de mudança e ao mesmo tempo cala, consente e pratica os tiques do Bloco Central?

A de Pedro Nuno Santos, que defende Estado e mais Estado, reinventando uma “Terceira Via” ainda mais perigosa?

A encruzilhada está aí.

E, mais uma vez, cai do céu uma batelada de dinheiro em cima dos problemas, sem estratégia, sem critério, mais um bodo para a clique do poder, com oportunistas e corruptos na primeira fila.

Entretanto, o povo anestesiado com a informação subserviente, os programas pimba e futebol e mais futebol.

É possível combater as fake news e tolerar a propaganda e o branqueamento?

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

REVIVER O PASSADO

 

Egos, decisões e corrupção, que recaem no esquecimento do tempo, têm custos extraordinários que estão mesmo ao nosso lado, no dia-a-dia, por mais que a propaganda tente escondê-los.

Da Saúde à Justiça, da Administração à Economia, da Educação à Segurança, Portugal continua mergulhado num tempo de opções avulsas, truques vis e oportunismos descarados que vão custar mais sofrimento e demorar décadas a corrigir.

Os casos de abandono e incúria do Estado, que vão enxameando o espaço mediático – qual ponta do iceberg –, vão rasgando qualquer veleidade de justiça social e até de Estado de Direito.

Uns, chamam-lhe pragmatismo; outros, encolhem os ombros; e alguns ainda confiam na globalização.

Entretanto, mais campanha menos campanha eleitoral, lá surgem as promessas desbragadas, agora sob a forma de PRR para beneficiar os da mesma cor do poder.

O que é feito da memória?

Estamos a reviver o passado que nos atirou para a miséria, com os mesmos interlocutores e métodos, beneficiando do encobrimento e passividades. 

Os mais velhos chamaram-lhe ditadura, recentemente “asfixia democrática”, enquanto os sempre apanhados de “surpresa” lá seguem o chefe.

São poucas as vezes em que é possível identificar o "culpado", anos passados de demagogia e cumplicidades diversas, das pessoais às institucionais.

Ninguém sabia de nada.

Silêncio!

Take 260921.

O povo é quem mais ordena, e à cautela uma câmara de vigilância em cada esquina.

Os homens do poder, com esta espécie de Esquerda a mandar, agarram o pau como podem, numa mão a insensibilidade social e na outra a incompreensão do desespero.

Fazem lembrar a ignomínia de ditadores e comitivas a fazerem compras nas avenidas de luxo das capitais mundiais enquanto os seus povos morrem de fome.

Vai mais uma vacina?


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A ÚLTIMA OPORTUNIDADE


O país apresentado na comunicação social vai de feição.

Com a aproximação das eleições autárquicas, vale tudo no horizonte político e mediático.

Até estamos, pasme-se, mais seguros, com menos desemprego e o SNS está a conseguir o que nunca atingiu antes e durante a pandemia.

E ninguém põe cobro a esta ficção, nem o presidente às cambalhotas, nem o líder do maior partido da oposição em estado político pré-comatoso.

Ainda a braços com a Covid, os portugueses querem acreditar no canto da velha e anafada sereia socialista.

E para aqueles que ainda não viram a luz, António Costa recorda, sem se desmanchar a rir: «prometer pouco e cumprir muito».

A descodificação dos truques de António Costa, aqui e ali, não perturba a movida socialista.

António Costa está jogar tudo no acto eleitoral de 26 de Setembro, porque é a última oportunidade no caminho para a maioria absoluta.

A vitória dos candidatos do PS deixariam o Bloco de Esquerda e o PCP ainda em piores lençóis, sem contar com a abstenção do PSD ou do CDS/PP como saída de emergência de mais um orçamento.

Nem mesmo as juras presidenciais – valem o que valem! – colocam o país a salvo do El Dorado cor-de-rosa que está mesmo aí ao virar da esquina.

Na conjuntura dada a todas as fantasias, o paraíso do dinheiro a rodos da bazuca, com ordem para gastar desenfreadamente como se não houvesse amanhã, atira o PS para o zénite.

Com os previsíveis tumultos no seio dos social-democratas, a curto prazo, António Costa já tem um pé na margem do Nirvana.

Na rodagem em curso, o embalo dos socialistas é tal que importa recordar Cavaco Silva a vergar a 26 de Novembro de 2015.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

COBARDIA QUE ACOMODA A CHINA


Tong Ying-Kit, cidadão de Hong Kong, que foi condenado a nove anos de prisão ao abrigo da lei de segurança, não aviva a memória dos "bons portugueses".

De Aníbal Cavaco Silva a Jorge Sampaio, de António Guterres – , actual secretário-geral da ONU, o então primeiro-ministro de Portugal à data da transferência de soberania de Hong Kong e Macau para a China –, a muitos outros.

É a confirmação do abandono dos “chinocas”, como alguns do alto da sua parolice apelidavam as populações dos dois territórios.

Hoje, 24 anos depois, numa das mais fascinantes e cosmopolitas capitais mundiais, a liberdade morre, diariamente, às mãos da ditadura chinesa.

Porém, como outros exemplos de cidadania, Tong Ying-Kit ainda faz acreditar.

O antigo empregado de mesa, de 24 anos, que não viu Tiananmen, em directo, mas tem memória do que representou o massacre, é de outras massas.

Entretanto, o rio de cobardia política escorre gordurosamente entre os dedos das mãos dos líderes dos países carimbados pela nova "Rota da Seda".

Uns tachos e uns penachos sempre amansaram a consciência de "estadistas", uns fabricados de plástico, outros aromatizados pelos negócios da China.

Os impérios foram sempre assim construídos, mais guerra, menos guerra, com mais sangue ou menos sangue.

E a exibição de poder, hoje, continua à medida de mais abusos e arbítrios.

Até António Costa decreta a "libertação" – mas só para Portugal –, como se tal dependesse unicamente dele.

Aliás, a arrogância politicamente insolente, tique de ditadores, também é comungada por Marcelo Rebelo de Sousa, quando quer impor a todo o custo a sua obstinada “ciência” na vacinação dos mais jovens.

Sobre o que se passa na China, nada.

Ambos continuam a fazer de conta, não vá qualquer palavra comprometer mais alguns trocos.

A resistência contra as ditaduras, sejam elas quais forem, políticas ou sanitárias, em Hong Kong ou no "Mundo Livre", é sempre um sinal de esperança na derrota dos amanhãs radiosos e da falsa segurança enfeitada.

A prepotência está bem presente no dia-a-dia, à custa da indiferença de muitos que vão abafando a resistência de poucos.

Na China, Tong Ying-Kit foi condenado por vontade de um tribunal.

Por cá, os amigos do poder ao mais alto nível, a contas com a Justiça, passeiam com à-vontade.

O autoritarismo, musculado ou dissimulado, fomenta invariavelmente um Estado totalitário, como Snowden e Assange denunciaram.

Tong Ying-Kit foi apenas o primeiro a senti-lo na pele, depois de clamar: «Libertar Hong Kong, revolução do nosso tempo».

Afinal, os perseguidos também são abandonados e ignorados, porque os vencedores têm sempre uma história acomodada à medida dos heróis incensados.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

DESFRUTAR DA ILUSÃO


Num país de carências e atrasos existem frases mil vezes repetidas que revelam a nossa cultura democrática.

É um exercício revigorante anotar o que para aí se vai dizendo a cada momento de tensão política, sobretudo quando o poder é beliscado.

Face ao crescente número de cidadãos que recusa a ser tratado como gado, e que exige informação credível a tempo e a horas, lá vem a resposta: Coitado, não queria estar na pele dele!

Invariavelmente, os que estão sempre de dedo encolhido, face aos que estão sempre com ele esticado, acrescentam: É um génio da política!

Ora, perante este dislate crónico, para o qual ainda não há vacina, a cereja em cima do bolo: É ladrão, mas lá vai fazendo!

A degradação a que assistimos, com tendência a agravar com a crise, é cristalina: por exemplo, há uns anos, uma investigação criminal era fatal, hoje uma pronúncia em Tribunal é um mero acidente de percurso na política.

Portugal divide-se entre insatisfeitos, sempre prontos a criticar, e aqueles que, com cartão partidário, mais ou menos contentes, estão sempre ferverosamente na linha da frente do branqueamento.

Confundindo o bom e o mau, o erro e o vício, o voluntarismo e o oportunismo cavamos ainda mais o pântano.

Nem a combinação milagrosa da desfaçatez e da arrogância políticas, tão bem ilustradas por Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, tem sido suficiente para despertar.

A encenação é tal que o assassinato de um imigrante, o terror de Odemira e o espectáculo dos negócios sujos não nos impedem de darmos lições de Direitos Humanos.

Não reagimos a cada canelada que o poder nos dá, porque vergamos, como se o voto lhes desse o direito de pôr e dispor da vida das pessoas sem explicações, sem responsabilização, sem escrutínio.

Talvez, por isso mesmo, somos capazes de nos quedar pela prisão de um primeiro-ministro, banqueiro ou dirigente desportivo ao mesmo tempo que toleramos a eternização dos compagnons de route.

Cada passo na direcção da civilização não faz uma Democracia perfeita, mas desvalorizá-lo equivale a passar uma esponja por todos os abusos.

Leis restritivas e censórias, mais dívida e propaganda estão a embalar um colectivo desfrutar da ilusão, uns usufruindo, outros gozando e os mesmos de sempre punidos pela falta de alternativa.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

GOVERNAÇÃO SEM GOVERNO, PRESIDÊNCIA SEM PRESIDENTE


O pântano, o BPN, o BES, o BPP, o BANIF e até o Montepio não nos serviram de lição.

Em vez de mudar, continuámos a eleger os mesmos que estiveram – e estão! – na origem dos maiores roubos financeiros que já custaram milhares e milhares de milhões de euros aos cofres públicos.

Preferimos a falsa estabilidade, que favorece a corrupção e o nepotismo, desbaratando os meios para ter mais Saúde, mais Educação, mais Justiça, mais Economia.

Adiámos, como sempre, a ruptura que poderia ser regeneradora para mantemos o lodaçal de uma crise permanente, dominada pelos mesmos vícios e oportunismos, cujo desfecho já deixou há muito de ser imprevisível.

E António Costa tem o dislate político de ainda tentar a desvalorizar aquilo que está mesmo à frente dos nossos olhos.

E Marcelo Rebelo de Sousa lá continua a fazer de conta, ora recorrendo ao formalismo, ora promovendo mais e mais folclore.

O novo escândalo do Novo Banco, que envolve Luís Filipe Vieira, tem mais um protagonista – Vítor Fernandes – que foi escolhido para liderar a nova instituição financeira que será responsável pela canalização dos fundos da bazuca.

Apesar de todos os avisos, o primeiro-ministro, com a óbvia cumplicidade do presidente, ousaram nomear um “velho” conhecido da banca para meter a mão no balão de oxigénio (mais um) ofertado pela União Europeia.

As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) são, como sempre foram, um dos mais importantes aliados da transparência.

Mesmo nos momentos, e foram muitos, em que alguns tentaram sabotar, interna ou externamente, a investigação dos parlamentares.

Não surpreende, portanto, que uns tantos outros tenham sempre desvalorizado um instrumento que permite rebentar os alçapões criados para esconder do povo aquilo que o povo deve saber.

Depois de tudo escarrapachado documentalmente, do espectáculo dos grandes devedores no Parlamento, o poder ao mais alto nível institucional voltou a "distrair-se" impunemente no silêncio dos bastidores.

Alimentam-nos o sonho de sermos os melhores no futebol, escondendo que apenas a Bulgária é mais pobre do que Portugal no seio da União Europeia.

Governação sem governo, presidência sem presidente, eis o balanço disto.

No momento de uma crise pandémica sem precedentes, Portugal corre para o abismo financeiro, económico e social.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

CUL-DE-SAC


Se relermos as notícias de 2001 somos levados a concluir que estamos em 2021, ou vice-versa. 

Há 20 anos era a corrupção, a impunidade, o nepotismo, a falta de longo prazo, tal como hoje, com a diferença que a Covid acelerou a percepção dos cidadãos

A demissão de António Guterres certamente não se repetirá com António Costa, mas o pântano nunca foi tão fácil de enxergar como agora.

Até a alternativa a Guterres – Durão Barroso –, confirmada em 2002, gerava então tanto entusiasmo como a possibilidade de Rui Rio suceder ao actual primeiro-ministro.

Dez anos depois, com Passos Coelho, os portugueses ainda acreditaram que a mudança era possível com a troca do líder, sem transformar o país.

Ora, PS e PSD continuam iguais ao que sempre foram, para desgraça dos portugueses.

Duas alterações vieram cavar ainda mais o abismo.

A primeira pode resumir-se à banalização de Belém a partir de 2016, caindo a tradição da Presidência ser a última referência, para o bem ou para o mal.

Actualmente, tudo mudou com o brutal branqueamento presidencial ao serviço de António Costa e do regime de opacidades.

A segunda também está à vista: o fenómeno do Chega.

Depois de engolida a Esquerda mais radical, a táctica rasteira de engordar a Direita mais extremista continua a avançar.

Nem mesmo a consolidação da dinastia Le Pen e a irrelevância do PS francês bastaram para demover o cinismo político em curso.

Em 2015, António Costa conseguiu dissolver o azeite na água, abastardando a tradição parlamentar, com os resultados que enfrentamos no presente.

E se, em 2023, Rui Rio, ou qualquer outro líder do PSD, seguir a mesma fórmula oportunista, então as consequências são imprevisíveis.

No início do século escolhemos o mal menor, sem entusiasmo e convicção, por falta de cidadania e porque o país não tinha nada de diferente para oferecer.

Em 2023, ou antes, se a fuga para Bruxelas de 2004 se repetir, a mesma falta de cidadania, a mesma opção sem futuro, pode obrigar a outras tantas décadas perdidas.

Se não mudarmos, se o país não mudar a tempo, voltaremos a enveredar por becos sem saída (cul-de-sac).


segunda-feira, 14 de junho de 2021

PRESIDENTE, LEGITIMIDADE E DEMISSÃO


Não é Pedrógão, mas é Tancos.

Não é a corrupção endémica, mas é a factura milionária dos Bancos falidos.

Não é a gigantesca máquina de propaganda, mas é a dívida pública galopante.

Não é a ocultação da realidade, mas é o SNS impotente a deixar a morrer.

Não é a falsa promessa de apoios, mas é a reconstrução de um palácio.

Até mesmo quando é pública a divulgação de dados pessoais pela Câmara Municipal de Lisboa, liderada por Fernando Medina, a palavra presidencial é de branqueamento grotesco.

Num dia, temos que proteger os estrangeiros porque somos um país de emigrantes; no dia a seguir, cidadãos israelitas, palestinianos, russos, venezuelanos são colocados em risco.

E numa primeira reacção presidencial: Acontece!

O caricato é que ninguém assume a responsabilidade, mesmo quando o nome de Portugal é internacionalmente arrastado na lama.

O branqueamento presidencial sistemático é um cancro que está a liquidar o regime democrático, dando origem a fenómenos de mais e mais radicalização.

E, como se não bastasse, até Francisco Louçã, na pele de Estado, tem o atrevimento político de afirmar, sem se rir, que «os pedidos de demissão de Fernando Medina são uma espécie de brincadeira».

Cresce a convicção de que isto só lá vai com mão forte, autoritarismo, quiçá mais um ditador.

Entretanto, o primeiro-ministro faz-de-conta que não é nada com ele, acantonado no seu gabinete e até aborrecido quando é interpelado.

Como se fosse possível esquecer que foi edil de Lisboa, que a política externa é uma manta de servilismos.

Afinal, o "orgulho" no português que lidera da ONU não o impede de assistir em silêncio, nos últimos meses, ao espezinhar dos Direitos Humanos.

E, até entre os das esquerdas, há ainda o dislate para invectivar contra quem, com mais ou menos passado democrático, denuncia este pagode de insensibilidade e irresponsabilidade.

Todos os cuidados são poucos, quando a palavra presidencial vale menos do que uma selfie.

E não admira que a crescente indignação, desde a rua ao hipermercado, tarde em chegar aos gabinetes do poder e aos centros de sondagens.

Se depois de mais este aviltante atropelo tudo continuar na mesma, enquanto o presidente acena, sorri e vai à bola, então não há respeito que perdure, não há confiança que resista.

A legitimidade do presidente nas urnas (menos de 1/4 dos eleitores) não valida a participação no apodrecimento do regime.

A dignidade da função não pode continuar a calar a crítica do branqueamento impune.

– Demita-se!

segunda-feira, 31 de maio de 2021

RIO ACIMA, RIO ABAIXO


Carregando um partido com de décadas de poder, corrupção e nepotismo, Rui Rio sabe que tem pouco para enfrentar António Costa e ainda menos para oferecer na actual conjuntura.

Nos próximos anos, o país vai continuar a sobreviver à custa da caridade, em versão de solidariedade europeia, e o povo não se importa com isso, muito pelo contrário, até se sente confortável com mais Estado e menos cidadania.

Rio já percebeu que não se pode passar do inferno ao céu num par de anos, enquanto Pedro Passos Coelho não o percebeu quando foi primeiro-ministro – e ainda não o consegue perceber.

A estratégia do PSD tem sido, logicamente, estancar as perdas do partido e tentar uma colagem ao poder que lhe permita garantir algumas migalhas e ao mesmo tempo iniciar algumas reformas.

 Chama-lhe "centro"...

Ora, se é verdade que os "EuroBonds" e a "Bazuca" são "milagres" inesperados também não é menos verdade que não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.

O que resta?

Usar André Ventura para dizer o que o PSD não pode nem tem autoridade para afirmar, como ocorreu no congresso do Chega, ou seja, usá-lo como um catalisador de protesto para ensaiar um discurso de mudança.

É o jogo possível, mas perigoso, porque o agitar o fantasma do fascismo ainda consegue atormentar quem o viveu na carne e no osso.

É a única alternativa?

O líder do (ainda) maior partido da oposição bem pode ter que navegar rio acima, rio abaixo, e até pode ter razão na estratégia, mas passividade, seriedade e honestidade não têm casado com a conquista do poder.

E o grande desafio, que está longe de estar cumprido, é convencer os portugueses que se ganhar as eleições não vai condená-los a mais miséria para cumprir as metas da União Europeia.

O que falta?

A paciência – de que Rio não se pode gabar –, uma "qualidade" com que António Costa carrega e descarrega o Bloco e o PCP à medida dos interesses do PS.

A união do PSD à volta do líder e de um projecto concreto e claro de futuro.

Tempo, mais tempo, de que não dispõe.

Por isso está cada vez mais acantonado.

Em 1997, Rui Rio bateu com a porta a Marcelo.

Agora, tem pela frente a mesma muralha que o derrubou há quase 25 anos, com o primeiro-ministro a manter o poder pelo poder e o presidente que se basta com o fazer de conta e a popularidade fácil.

Vai voltar a bater com a porta?